Pela primeira vez em uma década, a balança comercial do setor automotivo
fechou no vermelho. O déficit foi causado por um aumento de 33% nas
importações, que atingiram 467 mil veículos – maior marca em dez anos –,
enquanto as exportações somaram 398,5 mil unidades, uma queda de 1,3% em
relação a 2023.
De acordo com dados divulgados pela Anfavea, o desempenho só não foi
mais crítico graças ao aumento das compras pela Argentina e Uruguai. Porém,
mercados como México, Chile e Colômbia reduziram suas aquisições, priorizando
veículos de outras origens por menor custo.
“O Brasil está perdendo espaço em mercados que cresceram. A Argentina
tem sustentado nossas exportações, mas o excesso de importações gera uma
tempestade perfeita que não pode se repetir em 2025”, afirmou Márcio de Lima
Leite, presidente da Anfavea.
O cenário se agrava mesmo com o dólar acima de R$ 6, o que deveria
favorecer as exportações. Contudo, a forte entrada de veículos chineses e de
montadoras instaladas no Brasil, beneficiadas pela escala de produção,
pressionou a competitividade da indústria nacional.
Dos 398,5 mil veículos exportados, 40% (160,2 mil) foram para a
Argentina, que ampliou suas compras em 48% em comparação a 2023. Já o Uruguai
aumentou suas aquisições em 22%, totalizando 38,7 mil unidades (10% do total).
Por outro lado, México (-25%), Chile (-29%) e Colômbia (-2%) reduziram suas
importações de veículos brasileiros.
Apesar do volume exportado, os valores totais somaram US$ 10,9 bilhões,
praticamente estáveis em relação ao ano anterior (-0,1%). Em dezembro, as
exportações movimentaram US$ 917 milhões, com 31,4 mil veículos embarcados –
queda de 20,3% em relação a novembro, mas alta de 22,1% frente ao mesmo período
de 2023.